quinta-feira, 25 de abril de 2024

Bolivar 2 x 1 Flamengo. Derrota previsível.




Flamengo subiu quase a metade do Everest para jogar contra um time favorecido pelo doping de altitude. Que não atinge apenas seus jogadores, mas a bola também. Enquanto você morre em campo, todo o resto corre mais rápido, eles, a bola, o juiz, o oxigênio, tudo. Deveria ser proibido mas a Conmebol assim como a CBF daqui, tem o esquema de poder que precisa do voto de todas as confederações incluso a que esperam sobrepujar seus adversários pela altitude.

Mas o Flamengo entrou com uma escalação mista tão confusa que talvez nem precisasse esta subida ao teto do mundo. 3 zagueiros batendo cabeça, Victor NPC Hugo, o inacreditável pereba Wesley e Gerson no modo planador de sempre. Junte a isto De La Cruz sentindo demais a altitude e BH nem conseguindo correr, quando corria a bola era sempre 3x mais rápida que ele.

Bolívar fez logo seu gol. Cruzamento. Ninguém subiu direito. Gol deles. Logo a seguir Viña surpreendentemente fez o gol de empate em jogada individual. No único lance de ataque digno do Flamengo em todo jogo.

Flamengo então tentou cozinhar o jogo. Empate seria excelente resultado. Estava conseguindo segurar o ataque do Bolíviar. Mas aí De La Cruz fez merda, Wesley, claro, também e Igor Jesus fez um bote todo errado inacreditável. Resultado? 4 jogadores deles contra 3 do Flamengo. Me lembrando o gol de empate da Croácia contra o Brasil deste mesmo Tite. Que tem sério problema em manter um jogo sólido de marcação.

Gol deles. Tite então faz entrar os moleques Matheus Gonçalves e Lorran. Uma correria, uma certa pressão, mas nada que assustasse o time boliviano.

Flamengo agora precisa da "Boa vontade dos estranhos" para se classificar em primeiro. Isto é, Bolivar tropeçar contra o Milionários na casa deles, perdendo ou empatando. E o Flamengo então tendo que ganhar e fazendo saldo de gols.

Mas é o Tite. Então esquece. Nossa briga é pelo segundo lugar contra o Milionários. E, olha, sei não. A julgar pelos critérios de quem joga o que aonde, capaz de novamente termos Wesley, Victor NPC Hugo e Gerson juntos em momento decisivo...

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Bolivar x Flamengo

  

Copa Libertadores da América - Grupo E - 3ª Rodada

Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024, as 21:30h (USA/ET 20:30h), no Estádio Hernando Siles, em La Paz, Bolívia.

Bolivar: Lampe; Saavedra, Orihuela, Jesús Sagredo e José Sagredo; Ramiro Vaca, Justiniano e Saucedo; Bruno Sávio, Francisco da Costa e Pato Rodríguez. Técnico: Flavio Robatto.

FLAMENGO: Rossi; WesleyFabríciBrunoLéOrtiz, DaviLuiz e Matias Viña; IgoJesusGérsonDLCruVictoHugoBruno Henrique. Técnico: Tite.

Arbitragem: Alexis Herrera, auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Lubin Torrealba e Alberto Ponte, trio da Federación Venezolana de Fútbol (FVF/Venezuela)Quarto Árbitro: Yorman Delgado (FVF/Venezuela). Árbitro de Vídeo (VAR): Silvio Trucco (AFA/Argentina). Assistente VAR (AVAR): Nicolas Lamolina (AFA/Argentina). Assessor de Árbitros: Jorge Antequeira (FBF/Bolívia). Quality Manager: Luis Vieira (FEF/Equador).

Transmissão: Rede Globo (rede aberta ou Globoplay) e Paramount+ (Internet streaming).

O Bolivar

 

Salve, Buteco! O Club Bolivar, ou "La Academia", nosso adversário de hoje à noite, foi fundado no dia 12 de abril de 1925 em La Paz, Bolívia, mas só começou a disputar campeonatos oficiais em 1927, quando foi vice-campeão do Campeonato Paceño da La Paz Fútbol Asociation, o primeiro torneio amador da História do Futebol Boliviano e título que só viria a conquistar em 1932, sob circunstâncias um tanto peculiares, eis que o certame foi interrompido por força da Guerra do Chaco, travada entre a Bolívia e o Paraguai, levando a organizadora do torneio a considerar como classificação final a da última rodada disputada antes da guerra. Líder, o Bolivar se consagrou campeão, tendo como vice o The Strongest, que a partir de então se tornou o seu principal rival.

Desde então, o Bolivar cresceu e se tornou o maior clube do futebol daquele país andino, e sem margem para a menor discussão, pois possui extravagantes 30 títulos nacionais, o que, no complexo sistema do futebol boliviano, inclui desde o Campeonato Paceño, passando pelos tempos do Torneio Integrado, o Certamen Nacional Mixto, o Torneo Nacional e da Liga de Fútbol Profesional (associação civil), até a atual División Primera del Fútbol Boliviano, organizada pela Federación de Fútbol Boliviano desde a temporada 2016/2017. Digo extravagantes porque os 30 títulos equivalem, mais ou menos, ao dobro do que possuem os principais concorrentes - The Strongest, com 16 títulos, e Jorge Wilstermann, com 15.

Quando se fala em tamanho de torcida, o Bolivar tampouco possui algum concorrente "sério" - com sólidos 40% da preferência nacional, percentual estável ao longo de décadas, os Azuis sequer enxergam o Oriente Petrolero e o The Strongest, que dividem a segunda colocação possuindo cada qual apenas 13% da preferência do restante da torcida boliviana. Um verdadeiro massacre azul celeste, portanto.

Apesar de tradicionalmente mandar seus jogos internacionais no Hernando Siles, estádio público do Departamento de La Paz, situado a 3.581msnm, no bairro Miraflores, o clube é originário do bairro Tembladerani, onde é proprietário do Estádio Libertador Simón Bolívar, situado a 3.706msnm, e que já serviu até mesmo de palco para jogos da Seleção Boliviana enquanto o Hernando Siles era remodelado, mas que ultimamente não tinha capacidade liberada para mais de 5.000.

Hoje demolido para resconstrução em formato moderno, com capacidade para 25.000 espectadores (fala-se em 35.000), o estádio é o espelho do quanto o Bolivar é querido. Durante minhas pesquisas, deparei-me com relatos nostálgicos e emocionados da população de Tembladerani, por conta da demolição do que era um dos maiores símbolos do afeto pelo mais popular do país. A construção do novo Simón Bolívar envolve, vejam só, a revitalização da área. Quem me dera que aqui no Rio de Janeiro também fosse assim, tão fácil e respeitoso com um ente tão importante na História da cidade...

Em 2024, o Bolivar chega a sua 38ª participação na Libertadores, completando 256 partidas jogadas, incluindo as duas primeiras rodadas da Fase de Grupos da atual edição. No total, obteve 103 vitórias, 54 empates e 100 derrotas, marcando 381 gols e sofrendo 390, tendo chegado a 2 semifinais, 6 oitavas de final e 5 quartas de final. Na Copa Sul-Americana, chegou ao vice-campeonato na edição de 2004, conquistada pelo Boca Juniors (Bolivar 1x0 no Hernando Siles e Boca 2x0 em La Bombonera).

Em janeiro de 2021, o Bolivar se juntou ao Grupo City como o primeiro clube parceiro (o que é diferente de membro ou propriedade do grupo), tendo, nas palavras do próprio conglomerado, "access to a wide breadth of expertise, proprietary technology, best practice, and strategic advice developed by City Football Group through its multi-club structure."

Um dos resultados mais latentes da parceria foi obtido em 2023, com a boa campanha na Libertadores, incluindo a eliminação do então vice-campeão Athletico/PR nas oitavas de final, em plena Arena da Baixada - 3x1 em La Paz, 0x2 em Curitiba e 5x4 nos pênaltis. O time era então treinado pelo espanhol Beñat San José, o qual fazia excelente trabalho, mas optou por aceitar uma proposta do Atlas de Guadalajara, do México.

O sucessor do espanhol é o argentino Flavio Robatto, que fez carreira no futebol colombiano (Cúcuta, Alianza, Jaguares e Atlético Hulia) e também no boliviano (Nacional de Potosí). Sob o comando de Robatto, o Bolivar teve um começo esfusiante nas duas primeiras rodadas da Libertadores e vinha fazendo boa campanha no Campeonato Boliviano até que, recentemente, foi eliminado pelo modestíssimo Deportivo San Antonio Bulo Bulo, da cidade de Entre Ríos, de apenas 31 mil habitantes, segundo o último senso demográfico, realizado em 2012 - segundo a matéria publicada nesta madrugada pelo GE, a campanha na temporada é de 12j, com 7v, 2e e 3d; 27 gp e 17gc.

O futebol praticado pelo Bolivar nas duas últimas edições da Libertadores (inclusive a atual) já exibe traços do padrão que o Grupo City busca implementar - sistema de jogo de posição, muita intensidade, marcação em linhas altas exercendo forte pressão sobre o adversário visitante, a 3.581msnm (atenção para a altura exata da localização do estádio). Essa dinâmica de jogo pôde ser vista na goleada de 4x0 sobre o Palestino, no Chile, e também no primeiro tempo da vitória sobre o Millonarios, em La Paz, quando chegou a marcar o terceiro gol com um a menos em campo, abrindo 3x0 no placar - os colombianos diminuiriam na etapa final, valendo-se da vantagem numérica dentro das quatro linhas.

Apesar da dúvida que a eliminação do adversário no Campeonato Boliviano provoca, a verdade é que o prognóstico para o Mais Querido no jogo de hoje à noite não é dos mais favoráveis, dada a escolha (por necessidade) da comissão técnica de jogar em La Paz com uma formação alternativa. A nós, torcedores, resta torcer por uma surpresa, talvez a partir de um especial trabalho de motivação para quem entrar em campo, aproveitando a oportunidade para fazer História com o Flamengo, vencendo o Bolivar em La Paz pela primeira vez.

E por falar em retrospecto (4j, 1v, 1e e 2d), o Mais Querido não vence o Bolivar desde... 1983! Foi um 5x2 pela Libertadores, no Maracanã. Não há imagens do jogo em fontes abertas, mas apenas a narração de César Rizzo para a Rádio Globo AM/RJ:


Está mais do que na hora de mudar isso aí.

O Ficha Técnica, como de costume, subirá as 19:00h.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Cerimônia para Vencer

Salve, Buteco! Muitos torcedores estavam apreensivos com o anúncio da rodagem de elenco e a escalação sem todos os titulares disponíveis. Como o time não vem dando espetáculo em 2024, contando-se nos dedos os jogos nos quais realmente houve melhor performance nesta temporada, o empate fora de casa, contra o maior rival no cenário nacional e da América do Sul desde 2016, foi considerado um bom resultado. 

O primeiro tempo foi marcado por forte pressão do Palmeiras, mas o Flamengo resistiu, a começar, pela ótima atuação da sua segura dupla de zaga - Fabrício Bruno e Léo Pereira. Jogo truncado, picotado, com muitas faltas, mas com o Palmeiras comentendo-as em número muito mais elevado do que o Flamengo, e fazendo rodízio para "não deixar o Arrascaeta respirar", como apontou a transmissão da Globo, infelizmente romantizando a abjeta tática adotada pelo treinador adversário, imune a qualquer senso crítico por parte da imprensa tupiniquim.

A marcação do Palmeiras deu certo e o Flamengo teve problemas com os três zagueiros adversários, tendo bastante dificuldade para criar. Aos poucos, porém, a pressão verde foi se esvaindo e o time se soltando, até que criou a melhor oportunidade dos 45 minutos iniciais, com Luiz Araújo, que finalizou obrigando Weverton a espalmar para escanteio. Quando desceu para o vestiário, o Mais Querido já havia igualado e até produzido um pouco mais de volume do que o adversário. 

No segundo tempo, o Palmeiras ameaçou retomar a pressão do início do primeiro tempo, mas não durou muito. Como era de se esperar, a pressão diminuiu e os espaços começaram a aparecer, cada vez mais. Com um time mais técnico, o Flamengo naturalmente passou a tomar a iniciativa e a rondar com perigo a área adversária. Arrascaeta, que sofrera o rodízio de faltas, mas tampouco estava bem no jogo, chegou a aparecer a chutou com perigo para a defesa de Weverton, numa finalização bem parecida com a de Luiz Araújo no primeiro tempo.

O Flamengo teve pelo menos duas "bolas do jogo": uma com Pedro, que entrara no segundo tempo no lugar de Carlinhos e deixou de tocar para Arrascaeta, e com Gérson, que resolveu simular um pênalti dentro da área, mesmo estando com a bola dominada e podendo finalizar a gol. Já o adversário se limitou a um cabeceio do zagueiro Luan, ainda no primeiro tempo. Contudo, nem assim o Mais Querido conseguiu abrir o placar. É como se o time tivesse uma certa cerimônia para vencer o Palmeiras em São Paulo. Sempre falta alguma coisa, quando a arbitragem não pára o time (não foi o caso ontem).

A estratégia de Tite para neutralizar o Palmeiras deu certo e faltou pouco para a vitória. Muito se discutiu sobre a rodagem do elenco, inclusive aqui no Buteco, e o preparador físico Fábio Mahseredjian trouxe elementos bastante importantes para a Nação Rubro-Negra se inteirar melhor sobre o tema (vídeo de @GuiVXavier):

Nossa comissão técnica não é perfeita e não acerta todas as vezes, mas inegavelmente é séria e muito criteriosa.

Tite vem recebendo críticas quanto ao sistema de jogo, sendo acusado de ser retranqueiro. Até concordo com algumas, como falta de variação do desenho tático e demora para fazer as substituições, mas venho cada vez mais desconfiando que o problema pode simplesmente estar em alguns jogadores.

Na última quarta-feira, contra o São Paulo, Tite demorou para mexer e, quando o fez, o time piorou e quase levou o gol de empate. Mas será que o problema esteve nas substituições ou na performance de quem entrou? Ora, se ele tivesse mexido antes, poderia ter sido bem pior... Logo, se tivesse que escolher uma das alternativas, seria a última. Essa impressão foi reforçada no jogo de ontem. Como escrevi mais acima, as decisões que Pedro e Gérson tomaram em lances capitais não podem se atribuídas ao treinador.

Há de se considerar também problemas na montagem do elenco, doenças e contusões de alguns jogadores, além da suspensão de Gabigol. Sonho com o dia em que nossa torcida entenderá que cobrar os dirigentes, na maioria das vezes, é mais justo do que jogar toda a culpa no treinador.

***

É hora de virar a chave para a Libertadores, pois na quarta-feira o Flamengo terá que subir o morro e jogar em La Paz contra o Bolívar. Conversaremos sobre o próximo adversário no dia do jogo, no tradicional post de apresentação.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.

domingo, 21 de abril de 2024

Palmeiras x Flamengo

 

Campeonato Brasileiro/2024 - Série A - 3ª Rodada

Domingo, 21 de Abril de 2024, as 16:00h (USA ET 15:00h), no Estádio Allianz Parque
, em São Paulo/SP.



Palmeiras: Weverton; Mayke, Gustavo Gómez, Murilo, Luan e Piquerez; Aníbal Moreno, Richard Ríos e Raphael Veiga; Endrick e Flaco López. Técnico: Abel Ferreira.

FLAMENGO: Rossi; VarelaFabríciBrunoLéo Pereire Ayrton Lucas; PulgarAllaDArrascaetaLuiAraújoCarlinhos BrunHenrique. Técnico: Tite.

Arbitragem: Rodrigo José Pereira de Lima (FIFA/PE), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Nailton Junior de Sousa Oliveira (FIFA/CE) e Francisco Chaves Bezerra Junior (PE) Quarto Árbitro: Wagner Silveira Echevarria (RS). Assessor: Antonio Pereira da Silva (GO). Delegado Local: Carlos Eduardo R. Guimarães (SP). Árbitro de Vídeo (VAR): Daniel Nobre Bins (VAR-FIFA/RS). Assistentes VAR (AVAR) 1 e 2: André da Silva Bittencourt (RS) e Alisson Sidney Furtado (TO). Observador de VAR: Alicio Pena Junior (MG).

Transmissão: Rede Globo (rede aberta) e Premiere (sistema pay-per-view). 


sábado, 20 de abril de 2024

Coluna do Carlos César: Sobre Sorte, Queixas, Ações Transformadoras, Trabalho e Expectativas para 2024

Olá, Buteco.

“Quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho.”

Parece que foi Coleman Cox que originalmente proferiu essa boa frase, a qual, em variadas versões, é atribuída a muitos autores diferentes (um dos mais famosos é Thomas Jefferson, mas há registros que lhe negam essa autoria).

O tema frequentou debates no Buteco, na noite de quarta-feira passada, depois que o Flamengo derrotou o São Paulo por 2 a 1, mas as reflexões estavam voltadas para a falta de sorte do Manchester City, no seu duelo de quartas de final da Champions League 23/24, contra o Real Madrid.

Nesse debate, o Thiago Amado apresentou sua versão da frase, também boa:

“Os competentes fazem sua sorte.”

Sobre Sorte e Flamengo 2024

A sorte não ajudou o Flamengo na definição dos grupos da Libertadores 2024, ao obrigar nosso time a fazer dois jogos na altitude, em um total de seis partidas.

Seria sensato, em nome de maior isonomia entre os participantes da Copa Libertadores, que o regulamento do sorteio previsse que nenhum grupo tivesse mais do que um clube mandante de seus jogos na altitude (pelo menos isso!!!), mas esse ato de sensatez seria o reconhecimento, pela Conmebol, de que times adaptados à altitude desfrutam de vantagem injusta na competição.

A probabilidade de ocorrência de dois clubes “do morro” caírem no mesmo grupo deve ser pequena, porém, neste 2024, o raio caiu duas vezes no mesmo lugar e sobrou para o Flamengo.

A sorte (será que é mesmo questão de sorte?) também não ajudou o Flamengo quando foi formada a tabela do Brasileirão 2024, impondo-nos uma sequência pesada nas dez primeiras rodadas, “com 6 clássicos e mais 3 confrontos difíceis fora de casa (Goianiense, Bragantino e Paranaense)” como assinalou o Leandro Machado no post “Checkpoint Brasileirão 2024", de 16/04.

É razoável considerarmos que a sorte foi mais favorável ao Mais Querido na definição dos confrontos da Fase 03 da Copa do Brasil porque, embora já tenham surgido notícias dando conta que o Amazonas não é uma baba, havia clubes teoricamente mais difíceis no pote de onde saiu o nosso adversário.

Sobre Queixas e Ações Transformadoras

Em convívio com profissionais inspiradores, aprendi que, diante dos fatos que se opõem aos seus planos e projetos, uma pessoa ou uma equipe pode enveredar pelas queixas e lamentações, que são paralisantes, ou pelas ações transformadoras, que levam a mobilizações produtivas e vencedoras (da pessoa ou da equipe).

No post “Campeonato Brasileiro, Calendário, A Meia Verdade e o Falso Dilema”, de 13/04, o Gustavo trouxe um recorte de declarações do dirigente Bruno Spindel, em que identifico a presença de queixas que, a meu ver, indicam (ou tentam justificar) certo grau de paralisia.

“O Flamengo criou um elenco robusto para disputar todas as competições.”

Não criou. Temos bons jogadores, mas há insuficiências importantes, quando se pensa no tamanho do desafio que representa disputar, à vera, as três principais competições (Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil).

O Flamengo deveria, sim, ter criado um verdadeiro “elenco robusto” e o que gera um sentimento de frustração no torcedor rubro-negro é que faltaram poucos jogadores para que pudéssemos comemorar essa façanha que, se o Departamento de Futebol tivesse trabalhado melhor, teria sido alcançada pelo Mais Querido e lhe daria uma grande vantagem competitiva.

“Você tem os nove jogos da Copa América em que o Flamengo vai ser desfalcado.”

Aí, aceito que há uma queixa justificada, porque um clube que monta um elenco com jogadores selecionáveis fica mais sujeito a perder jogadores, quando os poderosos do futebol brasileiro e sul-americano impõem a realização de uma competição de seleções sem que o Brasileirão seja suspenso.

Neste caso, entendo não haver como evitar algum prejuízo ao desempenho do time, embora isso pudesse ser minimizado se tivéssemos completado o tal “elenco robusto”.

“Essa escolha de priorizar a Copa do Brasil quem fez foi a CBF. Acho que a CBF fez uma escolha comercial. Ela deve lucrar R$ 200, R$ 300 milhões. É uma dedução. Do ponto de vista esportivo, não faz sentido você tirar todos os atletas de seleção, que devem ser 40 no Brasileiro, e desprestigiar o campeonato. É a última vez que vamos tocar nesse tema antes de o campeonato começar. Mas a CBF rompeu um princípio que ela tinha da isonomia quando fez essa escolha. O Campeonato Brasileiro não tem isonomia esportiva. Ele é mais difícil e desequilibrado para os clubes que têm atletas convocados."

Apesar de haver razão para alguma reclamação, essa declaração tem muito de queixa paralisante e de justificativa, e ela foi bem respondida pelo Gustavo, no trecho que transcrevo a seguir:

"... o contrário acontece quando utilizam-se de meias verdades ou do próprio calendário como muleta, para antecipadamente se justificarem quanto a eventual queda de rendimento no Campeonato Brasileiro. Afinal de contas, quem montou o elenco que tem o setor direito titular com Guillermo Varela e Luiz Araújo não fomos nós nem as vovozinhas dos senhores Rodolfo Landim e Marcos Braz. Só para ficar em dois exemplos bem claros."

Calendário insano e decisões da CBF priorizando a Copa do Brasil não são novidades e eu entendo que a ação transformadora que o Flamengo deve empreender consiste no clube proporcionar a cada ano, ao treinador (agora Tite) e à sua CT, um elenco mais completo, sem as lacunas que chegaram a levar a improvisos precoces na escalação do time, quando a temporada apenas se iniciava.

Como a gestão Landim está no seu sexto ano e o clube tem capacidade financeira para investir em contratações, a queixa do dirigente soa muito como tentativa de justificar terem feito menos do que deveriam e poderiam.

Entendo que, em qualquer temporada, o trabalho do comando do futebol do Flamengo deve ser, em síntese, a montagem de uma estrutura forte, capaz de suportar os grandes desafios e as enormes pressões que resultam do calendário insano (talvez irremediável e eternamente insano) e da presença de adversários fortes, aptos a brigarem pelos títulos que queremos.

Destaca-se, nessa estrutura forte, um elenco suficiente, em qualidade e quantidade, para os rodízios que o calendário impõe e continuará impondo ao longo dos anos.

Clubes bem estruturados podem perder competições, como acabou de acontecer com o Manchester City, porque o futebol tem uma enorme influência de circunstâncias capazes de costurarem um destino diferente para uma partida, mas são esses clubes que sempre estão na briga pelos grandes títulos que disputam.

Esta é a exigência que a Nação Rubro-Negra tem direito de fazer aos dirigentes do clube.

O estrutural e o circunstancial na final de Lima

Sempre que penso na componente estrutural e na componente circunstancial que se combinam para definir o destino de um projeto ou, no caso do futebol, de uma vitória ou de uma conquista de título, vou parar na final de Lima, em 2019.

Disputavam o título duas equipes muito bem estruturadas e o River, valendo-se de sua boa estruturação, tinha conseguido se impor ao Flamengo durante parte significativa do jogo, abrindo e sustentando a vantagem de 1 a 0.

Aí, por volta da metade do segundo tempo, um fator estrutural passou a mudar o roteiro da partida: o Flamengo tinha melhor preparo físico e gradativamente começou a encontrar seu jogo.

Sentindo o crescimento do Flamengo, o River passou a recuar suas linhas e a pensar em defender o resultado.

Vieram, então, dois fatos que classifico como circunstanciais e que, combinados com o melhor condicionamento do Flamengo, reescreveram o destino daquela decisão.

Do lado do Flamengo, Gerson sentiu um músculo e Diego Ribas entrou em seu lugar.

No River, Gallardo mudou o time, fazendo entrar Lucas Pratto.

Perto dos 43 minutos da segunda etapa, Lucas Pratto carregou a bola na nossa intermediária e foi acossado pelo Diego (o substituto do Gerson!), que atrapalhou sua progressão e favoreceu a ação do Arrascaeta. O craque uruguaio roubou a bola do jogador do River e iniciou o contra-ataque que resultou no nosso primeiro gol.

Poucos minutos depois, Diego experimentou um chutão-passe a partir da nossa intermediária, Gabigol ganhou a disputa com a zaga, fez o nosso segundo gol e a taça escapou das mãos do River e passou a ser do Flamengo.

Circunstâncias são e sempre serão parte do futebol, mas o que sustenta as caminhadas para o topo das competições é uma boa estruturação.

Esgotado o papel da estruturação, a sorte entra e pode mexer seus pauzinhos, como acho que fez na eterna final de Lima.

A estruturação do futebol do Flamengo na gestão Landim

Seria exagero afirmar que tudo está errado no futebol do Flamengo da gestão Landim, mas os comandantes por ele escolhidos não têm demonstrado capacidade de estruturação suficiente para que o clube participe das competições sem algumas deficiências, que até o torcedor mais desligado é capaz de perceber.

A impressão que se tem é de que eles nem mesmo percebem o que significa um trabalho de estruturação amplo e profundo, desde a base até o elenco profissional.

Como consequência, a estratégia dominante tem sido a terceirização do comando operacional do futebol profissional para o treinador da ocasião (eles ficam com as contratações), fato que o Buteco tem apontado recorrentemente e que vi ser assinalado, nesses mesmos termos, pelo comentarista Renato Rodrigues, da ESPN, no Linha de Passe do pós-jogo de Flamengo x São Paulo.

O Flamengo não teve sorte na definição das tabelas das duas principais competições da temporada (Libertadores e Brasileirão), mas entendo que, se tivesse trabalhado melhor, estaria apto a enfrentar as dificuldades com maior sucesso e dependeria menos de circunstâncias favoráveis (“os competentes fazem sua sorte”, by Thiago Amado).

E o treinador Tite?

Tite está “embarcado no projeto 2024” e, sujeito como está à influência da estruturação insuficiente do clube quanto a elenco, também precisa passar longe das queixas e trabalhar no campo das ações transformadoras que, com frequência, exigem que lutemos contra nossos próprios hábitos e limites.

Reconhecendo que o comando operacional do futebol profissional do clube está terceirizado para ele e que as insuficiências de elenco são parte da realidade que lhe é oferecida, Tite precisará enfrentar seu perfil conservador para, com mais criatividade, mais flexibilidade e mais arrojo encontrar, no grupo de jogadores com que conta, as soluções de que o time precisará neste ano, para brigar por títulos.

Imaginei que a principal ação transformadora que ele adotaria seria uma corajosa rotação de elenco, à moda Dorival Jr., mas até agora isso não aconteceu.

Faço, então, uma pausa para reflexão.

Tenho defendido um revezamento mais ostensivo, adotando como referência a fórmula times A e B, usada com sucesso pelo treinador Dorival Jr. em 2022, mas é preciso distinguir o contexto vivido por ele e o agora vivido pelo Tite.

Dorival assumiu o Flamengo, num momento em que o time tinha péssimo rendimento e, no Brasileirão, conquistara apenas 10 pontos em 12 jogos, com aproveitamento de 33,3%.

Nos três primeiros jogos em que comandou o time pelo Brasileirão, derrotou o Cuiabá e perdeu para Internacional e Atlético MG, terminando a 15ª rodada com 13 pontos e os mesmos 33,3% de aproveitamento, praticamente condenado a disputar apenas uma boa colocação no campeonato.

Afinal, naquele momento restavam apenas 23 rodadas e a obrigação do Flamengo conseguir pelo menos mais 57 pontos e 82,6% de aproveitamento, para chegar aos baixíssimos 70 pontos que deram o título ao Palmeiras (é claro que essa pontuação só foi conhecida no fim do campeonato, porém era um número mínimo admissível para quem, ao final da 15ª rodada, avaliava suas remotas chances de ainda brigar pelo título).

Nessa situação, a priorização das Copas em detrimento do Brasileirão tornou-se uma estratégia aceitável e ela deu bom resultado, pois viabilizou a conquista dos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores.

Tite, porém, não tem essa permissão de abrir mão do campeonato brasileiro, porque comanda um time que não está em crise e que tem chances reais de brigar pelo título da principal competição nacional.

Considerando que também não há, a priori, permissão para abrir mão da Libertadores, Tite precisará, no mínimo, tentar ganhar as duas principais competições (LA e BR), do que resulta que o uso ostensivo de um time B fica menos viável.

E esta pode ser a razão que leva a estratégia do atual treinador do Flamengo se afastar da referência Dorival Jr. 2022 e buscar aproximação com a estratégia usada por Jorge Jesus em 2019, a de uso da força máxima possível em todos os jogos da Libertadores e do Brasileirão (a ver como se comportará quanto à Copa do Brasil).

De novo é preciso fazer distinção entre os contextos para melhor definir expectativas.

Em conversa recente, aqui no Buteco, eu propus uma comparação entre o time titular com que contou Jorge Jesus e o time titular que Tite vem usando.

Do time atual, só De La Cruz ganharia uma vaga no time de 2019, barrando Gerson, e Léo Pereira teria chance de ganhar a vaga de Pablo Marí, cabendo destacar que isso não significa que Gerson e Marí tenham sido elos fracos naquele grande time, pois também jogaram muito bem.

Tite tem contra si, portanto, um elenco titular menos qualificado do aquele que brilhou sob o comando de Jorge Jesus.

Para compensar em parte essa desvantagem, ele tem, a meu ver, um banco de reservas melhor do que o de 2019.

Acrescentem-se a essa comparação outros fatores que também têm peso:

  • O time de 2019 saiu cedo da Copa do Brasil, ganhando algumas folgas. 

  • O time de 2024 sofrerá muitos desfalques em nove rodadas do Brasileirão, disputadas simultaneamente com a Copa América. 

  • Por outro lado, as competições serão paralisadas nas datas FIFA, dando ao Tite algum tempo para recondicionamento dos jogadores não convocados. 

  • Para os convocados, ao contrário, a perspectiva é de folga zero ao longo de toda a temporada. 

  • O Flamengo de Jorge Jesus tinha um condicionamento físico invejável, que fez muita diferença na sua imposição sobre os adversários (inclusive na reação na final de Lima), algo que o time comandado por Tite ainda busca, deixando dúvidas se conseguirá ótimo condicionamento (e conseguir será decisivo para nossa aspiração de sucesso nas competições, assim como foi em 2019).

Juntando e misturando tudo isso e fugindo da comparação entre competências e índices de acertos de Jorge Jesus e de Tite, vejo o treinador atual em desvantagem para brigar por uma repetição da histórica façanha do Mister, que conquistou as duas principais competições, bateu o recorde de pontos de um campeão no Brasileirão e levou seu time a produzir algumas atuações memoráveis, tanto no BR quanto na LA.

É preciso ressalvar, porém, que isso não alivia completamente o peso da missão do atual treinador do Flamengo.

Afinal, em 2023, ano que foi, com larga margem, o pior do futebol do Flamengo na gestão Landim, o Mais Querido foi vice-campeão da Copa do Brasil e quarto colocado no Brasileirão.

É legitimo, portanto, que esperemos que, num ano que começa sem o caos da temporada passada, o Flamengo volte a conquistar grandes títulos.

Pelos sinais dados até agora, Tite vai adotar, para tentar brigar pelos títulos, a mesma estratégia de sempre usar força máxima possível que Jorge Jesus utilizou para nos proporcionar o Ano Mágico.

Questionei essa estratégia em 2019 (era a única crítica sistemática que eu fazia ao Mister) e continuo questionando agora, inclusive pela melhor qualidade do banco de reservas com que conta o Tite, mas não nego ao nosso treinador meu crédito de confiança e minha esperança de que ele acerte a mão na rotação de elenco, embora me preocupe em ver que, ao mesmo tempo em que ele declara ser humanamente impossível disputar todas as competições, continua escalando o time titular sem intervalo para descanso.

Amanhã teremos mais um jogo pesado, fora de casa e contra um dos principais candidatos ao título do Brasileirão.

Que time teremos em campo?

Nossos titulares vão aguentar manter bom ritmo jogando a sétima partida seguida em 23 dias?

Se voltarem a ser escalados “em massa”, minha preocupação estará em alta, mas minha torcida será para que eles aguentem e nos levem a uma grande vitória 

Afinal, posso discordar e ao mesmo tempo torcer para que o Tite esteja certo.

É o que estou fazendo.

Saudações Rubro-Negras!

Carlos César Ribeiro Batista

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Flamengo 2 x 1 São Paulo. Vida sem Arrascaeta.

Gilvan de Souza/Flamengo

OK. São Paulo está com um técnico estagiário perdendo todas. Escolha deles. Na minha opinião, estagiário em time grande hoje é inaceitável com a diversidade técnica, tática e fisiológica de seus jogadores assim como dos adversários os quais ele não tem preparo para lidar. Técnico antes precisa circular antes pela roda de Samsara de Séries B e afins, e adquirir um sucesso enorme que o capacite a ser testado em série A em time de menor envergadura. Conseguindo sucesso nesta, então time grande de Série A. É outra prateleira. 

"E quem disse que isto é problema meu?" Como diria o Homem-Aranha. Mas já foi com Jayme, Zé Ricardo e Barbieri na gestão passada, que era tarada por solução barata em comissão técnica com os resultados que todos vimos.

Pois bem, Flamengo ontem resolveu poupar Arrascaeta e Luiz Araújo. E fez bem. Para que estourar nossos dois titulares ainda mais o Arraxca? E o Flamengo demorou um pouco a se achar mas eventualmente a partir do intervalo, se encontrou e praticou ações melhores coordenadas.

De La Cruz até o momento se mostrou a contratação do ano no futebol brasileiro. Porque não está na Europa? Honestamente não sei responder. O sujeito tem tudo. Aplicação tática, mobilidade, foco, futebol, é tipo serviço completo. Enfim, bom para nós que o temos no time. Indo mais à frente se mostrou um armador diferente de Arrascaeta que é mais insinuante, aparecendo mais de surpresa. DLC não. É, como dizer, transparente. Dinâmico e aguerrido. Bom ter os dois no time e creio que o Flamengo deveria criar uma espécie de "feitiço de Áquila" entre os dois. Ou joga um ou joga o outro. Para que tenhamos sempre um bom armador em todos os jogos. Estressando os dois ao mesmo tempo correremos o risco de ter partidas sem nenhum. O técnico do Uruguai tem o mesmo argumento, parece.

Pedro fez uma ótima partida, assim como Bruno Henrique do lado esquerdo do campo porque Cebolinha saiu com um pisão no tornozelo que atingiu seu tendão de Aquiles. Espero que se recupere. BH teve o espaço que sempre pede ao seu anjo da guarda e o estagiário do São Paulo o concedeu. Com isto entrou o Luiz Araújo, para ocupar o lado direito em que foi originalmente escalado o BH. Luiz Araújo fez, inclusive, um belo gol de curva, porém, pasmem, ficou até o fim. Onde ficou nítido que sequer conseguia ajudar mais a marcação na lateral direita. E não deveria pois supostamente estava sendo poupado. Matheus Gonçalves continua sendo tirado para merda pelo Tite.

Igor Jesus substituiu o bom Allan e o fez bem. Deveria ter entrado antes. Mas o delay irritante do Tite em substituir é algo que iremos ter que conviver.  Depois entrou o Victor NPC Hugo, que sei lá porque tem tantos jogos no Flamengo sem apresentar rigorosamente nada. É uma espécie de alívio pro adversário. Gerson entrou e flanou pelo campo sem marcar ninguém facilitando o crescimento do meio de campo do São Paulo. 

Pensei que o Tite substituiria Pedro por Carlinhos até para preservar melhor nosso centroavante mas parece que ele quer estourar nosso craque primeiro.

Enfim, 3 pontos na conta. Boa vitória. E desta vez sem que a imprensa paulista tenha argumentos falsos para tirar a calcinha pela cabeça inventando lances polêmicos.